Resposta ao Sr. Presidente.
-----Mensagem original-----
De: Rui Norte [mailto:ruinorte@sapo.pt]
Enviada: domingo, 20 de Agosto de 2006 21:42
Para: 'Gab. Utente'
Cc: 'geral@jf-estoi.pt'
Assunto: RE: Resposta a email enviado
Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Faro, José Apolinário.
Devo dizer-lhe que fiquei verdadeiramente feliz com o interesse que vos mereceu o assunto, com a vossa resposta à exposição e com a qualidade da argumentação.
De facto, para quem nasce aqui, e para quem por aqui anda interessado com o que cá vai acontecendo e o hábito fez-nos entorpecer o raciocino por falta de melhoramentos continuados nesta maravilhosa população do vosso concelho, estes enobrecimentos recentes causaram euforia.
Do desconfiar natural do bem-estar repentino induzido ao mesmo não habituado é legitimo suspeitar-se de má vontade, mas este não é o caso.
Sou um leigo em arquitectura. Os argumentos apresentados pelo Sr. Arquitecto Assessor Principal António Santos são fascinantes e tecnicamente por mim irrefutáveis.
Desse texto por vós anexado retirei alguns pontos:
"Relativamente à opção na utilização de colunas de iluminação, de imagem contemporânea para assegurar a iluminação dos Largos da Liberdade … a mesma foi ditada,
(1) pela ampla dimensão desta área de intervenção e a sua compatibilização com a linguagem das praças;
(2) pela necessidade de se introduzir peças esbeltas, que não interferissem visualmente quer com a leitura da Igreja e seu escadorio, tendo em contrapartida sido preservadas "in situ" os dois candeeiros que ladeiam a entrada principal da Igreja em situação de cota mais elevada e associadas á memória da imagem do seu alçado frontal;
(3) O cromatismo dessas colunas de iluminação – cinza claro, também foi seleccionado por forma a que a sua presença se diluísse na envolvente não se assumindo como peças marcantes do projecto de intervenção, onde os eixos direccionais são pontuados por espécimes arbóreas a plantar em caldeiras, implantadas por forma a não interferir com os principais canais visuais dos Largos".
Juntando-os ao facto, facilmente compreensível, de evitar o "pastiche", eis a justificação técnica incontestável pela escolha dos lampiões de diferente estilo dos que cá estavam.
Provavelmente daqui a algum tempo, talvez até pouco tempo, a malta que por aqui passe nem repare que no largo há distintos estilos de colunas de iluminação.
É essa a nossa natureza, uns esquecem mais depressa do que outros, cada cabeça a sua sentença, o habito faz o monge, mais vale o corrido que o lido, atrás de um dia vem o outro e agua mole em pedra dura tanto bate até que fura. E usaríamos muitos mais caracteres com lenga-lengas destas, não fosse chegada a altura de aqui colocar o cerne da questão dos lampiões novos novamente.
Não sei até que ponto um arquitecto responsável tem de cumprir directrizes do IPPAR ou lógicas comuns a trabalhos de requalificação de largos, se é que há directrizes do IPPAR ou linhas de actuação em trabalhos destes.
Repare, aqui, no Largo da Liberdade estavam implantadas colunas de iluminação de estilo diferente das novas. Certo que só iluminavam a "ilha" e que agora é necessário iluminar um maior espaço.
Essas colunas, as outras, já retiradas, talvez por habituação das gentes ou por semelhança de estilo com as que ladeiam a entrada principal da Igreja e com os lampiões que estão colocados nas paredes das casas do Largo, não me chocavam como me chocam as novas de estilo compatibilizado com o estilo do largo (segundo o argumento técnico).
As regras, como as leis, como o pensamento, como a mentalidade, como as gentes, como a arte, mudam. Os novos lampiões parecem estar para ficar.
Não são deste espaço como eram os outros que cá estavam e agora não estão. Estes, neste estilo moderno, tinham que ser ainda mais esbeltos ou totalmente transparentes para não serem notados, para que não interferissem visualmente (segundo o argumento técnico).
Mas não, elas, as colunas de iluminação, por serem diferentes das que ladeiam entrada principal da Igreja e dos lampiões que estão colocados nas paredes das casas do Largo interferem visualmente.
Se em termos arquitectónicos a colocação de lampiões de estilo antigo, como os que estavam na "ilha" e foram retirados, no Largo da Liberdade versão 2006 era inovação, quem sabe se não passaríamos a ter uma obra referenciada como exemplo pelos arquitectos de que a arquitectura é dinâmica e evolui?
O "pastiche", palavra que julgo estar relacionada com imitação, foi quase sempre pratica exigida aos privados e por estes felizmente cumprida que neste largo têm, aos poucos, reconstruído as suas casas de forma a torna-las confortáveis e condizentes com necessidades de cada um deles, assim salvaguardando e valorizando o património arquitectónico.
Essa imitação é compreensível facilmente por um não técnico de arquitectura, porque o que é de estilo antigo fica bem aqui. O que é moderno não fica bem aqui. Os candeeiros antigos ficavam bem na "ilha" que existia, os modernos não ficam bem no aprazível espaço que graças às vossas obras, agora, podemos desfrutar.
Sr. Presidente, como visitante do Largo da Liberdade o que sente de verdade exposto aos diferentes estilos dos lampiões públicos de Estoi?
Com os melhores cumprimentos e sinceros votos de sucesso,
Rui Norte.
De: Rui Norte [mailto:ruinorte@sapo.pt]
Enviada: domingo, 20 de Agosto de 2006 21:42
Para: 'Gab. Utente'
Cc: 'geral@jf-estoi.pt'
Assunto: RE: Resposta a email enviado
Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Faro, José Apolinário.
Devo dizer-lhe que fiquei verdadeiramente feliz com o interesse que vos mereceu o assunto, com a vossa resposta à exposição e com a qualidade da argumentação.
De facto, para quem nasce aqui, e para quem por aqui anda interessado com o que cá vai acontecendo e o hábito fez-nos entorpecer o raciocino por falta de melhoramentos continuados nesta maravilhosa população do vosso concelho, estes enobrecimentos recentes causaram euforia.
Do desconfiar natural do bem-estar repentino induzido ao mesmo não habituado é legitimo suspeitar-se de má vontade, mas este não é o caso.
Sou um leigo em arquitectura. Os argumentos apresentados pelo Sr. Arquitecto Assessor Principal António Santos são fascinantes e tecnicamente por mim irrefutáveis.
Desse texto por vós anexado retirei alguns pontos:
"Relativamente à opção na utilização de colunas de iluminação, de imagem contemporânea para assegurar a iluminação dos Largos da Liberdade … a mesma foi ditada,
(1) pela ampla dimensão desta área de intervenção e a sua compatibilização com a linguagem das praças;
(2) pela necessidade de se introduzir peças esbeltas, que não interferissem visualmente quer com a leitura da Igreja e seu escadorio, tendo em contrapartida sido preservadas "in situ" os dois candeeiros que ladeiam a entrada principal da Igreja em situação de cota mais elevada e associadas á memória da imagem do seu alçado frontal;
(3) O cromatismo dessas colunas de iluminação – cinza claro, também foi seleccionado por forma a que a sua presença se diluísse na envolvente não se assumindo como peças marcantes do projecto de intervenção, onde os eixos direccionais são pontuados por espécimes arbóreas a plantar em caldeiras, implantadas por forma a não interferir com os principais canais visuais dos Largos".
Juntando-os ao facto, facilmente compreensível, de evitar o "pastiche", eis a justificação técnica incontestável pela escolha dos lampiões de diferente estilo dos que cá estavam.
Provavelmente daqui a algum tempo, talvez até pouco tempo, a malta que por aqui passe nem repare que no largo há distintos estilos de colunas de iluminação.
É essa a nossa natureza, uns esquecem mais depressa do que outros, cada cabeça a sua sentença, o habito faz o monge, mais vale o corrido que o lido, atrás de um dia vem o outro e agua mole em pedra dura tanto bate até que fura. E usaríamos muitos mais caracteres com lenga-lengas destas, não fosse chegada a altura de aqui colocar o cerne da questão dos lampiões novos novamente.
Não sei até que ponto um arquitecto responsável tem de cumprir directrizes do IPPAR ou lógicas comuns a trabalhos de requalificação de largos, se é que há directrizes do IPPAR ou linhas de actuação em trabalhos destes.
Repare, aqui, no Largo da Liberdade estavam implantadas colunas de iluminação de estilo diferente das novas. Certo que só iluminavam a "ilha" e que agora é necessário iluminar um maior espaço.
Essas colunas, as outras, já retiradas, talvez por habituação das gentes ou por semelhança de estilo com as que ladeiam a entrada principal da Igreja e com os lampiões que estão colocados nas paredes das casas do Largo, não me chocavam como me chocam as novas de estilo compatibilizado com o estilo do largo (segundo o argumento técnico).
As regras, como as leis, como o pensamento, como a mentalidade, como as gentes, como a arte, mudam. Os novos lampiões parecem estar para ficar.
Não são deste espaço como eram os outros que cá estavam e agora não estão. Estes, neste estilo moderno, tinham que ser ainda mais esbeltos ou totalmente transparentes para não serem notados, para que não interferissem visualmente (segundo o argumento técnico).
Mas não, elas, as colunas de iluminação, por serem diferentes das que ladeiam entrada principal da Igreja e dos lampiões que estão colocados nas paredes das casas do Largo interferem visualmente.
Se em termos arquitectónicos a colocação de lampiões de estilo antigo, como os que estavam na "ilha" e foram retirados, no Largo da Liberdade versão 2006 era inovação, quem sabe se não passaríamos a ter uma obra referenciada como exemplo pelos arquitectos de que a arquitectura é dinâmica e evolui?
O "pastiche", palavra que julgo estar relacionada com imitação, foi quase sempre pratica exigida aos privados e por estes felizmente cumprida que neste largo têm, aos poucos, reconstruído as suas casas de forma a torna-las confortáveis e condizentes com necessidades de cada um deles, assim salvaguardando e valorizando o património arquitectónico.
Essa imitação é compreensível facilmente por um não técnico de arquitectura, porque o que é de estilo antigo fica bem aqui. O que é moderno não fica bem aqui. Os candeeiros antigos ficavam bem na "ilha" que existia, os modernos não ficam bem no aprazível espaço que graças às vossas obras, agora, podemos desfrutar.
Sr. Presidente, como visitante do Largo da Liberdade o que sente de verdade exposto aos diferentes estilos dos lampiões públicos de Estoi?
Com os melhores cumprimentos e sinceros votos de sucesso,
Rui Norte.
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