Resposta a email enviado
-----Mensagem original-----
De: Gab. Utente [mailto:gu@cm-faro.pt]
Enviada: quinta-feira, 17 de Agosto de 2006 11:50
Para: ruinorte@sapo.pt
Cc: geral@jf-estoi.pt
Assunto: Resposta a email enviado
Importância: Alta
Exmo. Sr.
Rui Norte
Na sequência do email enviado em 29 de Julho de 2006, informo que o assunto mereceu a nossa melhor atenção.
Assim, procedemos ao envio a V. Exa. da informação anexa e relativa às questões por Vós apresentadas.
Aproveitamos a oportunidade para agradecer o envio de email e informar que estamos ao Vosso inteiro dispor para os esclarecimentos suplementares julgados convenientes.
Com os melhores cumprimentos,
O Presidente,
José Apolinário
GU/Nd
-----------------
ASSUNTO:
Exposição do Sr. Rui Norte relativa aos trabalhos de requalificação dos Largos da Liberdade, Humberto Delgado e Ossonoba em Estoi
Data:
20-08-2006
Exmo Senhor
Presidente da Câmara Municipal
Na sequência da exposição do Sr. Rui Norte, datada de 29 de Julho do corrente, referente às empreitadas de requalificação dos Largos da Liberdade, Humberto Delgado e Ossonoba em Estoi, cabe-me informar o seguinte:
Da malha urbana histórica de Estoi, ressaltam os espaços não edificados acima enunciados, resultantes de um crescimento orgânico da Aldeia e também directamente relacionados os primeiros, com a Igreja Paroquial de S. Martinho e o último, provavelmente com a nascente/cisterna, localizada num dos extremos do Largo Ossonoba, fronteira á esquina do edifício da farmácia.
Se bem que a frente edificada envolvente a essas praças, não tenha sofrido ao longo dos tempos adulterações profundas, a utilização desses largos por parte dos peões, foi remetida para pequenas “ilhas” calcetadas, dado ter sido dada a primazia á circulação automóvel e aos tapetes de betoninoso que as atravessavam e as afectavam visualmente, não permitindo o devido enquadramento do respectivo conjunto patrimonial. ( ver fotografias em anexo da situação dos Largos antes da intervenção).
Assim, e integrado no “Programa das Aldeias do Algarve” o qual, no concelho de Faro integrou a aldeia de Estoi, por decisão do Município, foram elaborados vários projectos com vista á requalificação de espaços urbanos e imóveis notáveis desta aldeia, dos quais destacamos nesta informação a dos Largos em apreço, que articulados com as empreitadas de recuperação do “Lavadouro Público” no estremo Poente do Largo Ossonoba e o da “Fonte Bebedouro de Animais” do Largo da Liberdade (actualmente emparedado), visam a efectiva requalificação desses Largos, passando pela ampliação das áreas pedonais, reorganização espacial e instalação de mobiliário urbano e arborização compatível, com o fim em vista, que estabeleceu como premissa, a dignificação dessas Praças e a criação de zonas de estar e lazer.
Estes projectos, ao intervirem em espaços públicos de acentuados desníveis altimétricos foram forçados a recorrer á construção de muros de suporte por forma a se garantir plataformas pedonais niveladas, numa solução em tudo semelhante á do adro envolvente á Igreja de S. Martinho, este reconstruído nos princípios do sec. XIX.
Se bem que a solução arquitectónica dos muros de suporte referidos, e também o do novo troço de escadaria do Largo da Liberdade, seja idêntico, aos pré existentes, o seu acabamento em pedra de calcário da região, é assumidamente diferente, pois não se pretendeu copiar e diluir a intervenção, na envolvente, mas sim data-la por forma destacar aquela, do edificado de efectivo valor patrimonial.
Será aqui de referir que as mais recentes intervenções em imóveis classificados promovidos pela “Direcção dos Edifícios e Monumentos Nacionais” recorrem a materiais de texturas e qualidade diferentes, dos originais sempre que há a necessidade de se recompletar uma fachada, por forma a diferenciar o original, do adicionado em situação de “restauro” ( ex: Casa dos Bicos - Lisboa, Igreja do Colégio – Ponta Delgada ).
Relativamente à opção na utilização de colunas de iluminação, de imagem contemporânea para assegurar a iluminação dos Largos da Liberdade e Ossonoba, a mesma foi ditada, pela ampla dimensão desta área de intervenção e a sua compatibilização com a linguagem das praças, e também pela necessidade de se introduzir peças esbeltas, que não interferissem visualmente quer com a leitura da Igreja e seu escadorio, tendo em contrapartida sido preservadas “in situ” os dois candeeiros que ladeiam a entrada principal da Igreja em situação de cota mais elevada e associadas á memória da imagem do seu alçado frontal.
O cromatismo dessas colunas de iluminação – cinza claro, também foi seleccionado por forma a que a sua presença se diluísse na envolvente não se assumindo como peças marcantes do projecto de intervenção, onde os eixos direccionais são pontuados por espécimes arbóreas a plantar em caldeiras, implantadas por forma a não interferir com os principais canais visuais dos Largos.
Solução diferente foi a optada na escolha das colunas de iluminação do Largo Ossonoba, o qual pela sua pequena dimensão e uma envolvente edificada oitocentista muito próximo, convidou a uma solução de colunas de desenho revivalista, quase idênticas ao do candeeiro central pré existente. A implantação dessas colunas neste Largo, aliado a quase integral manutenção da actual arborização, teve em conta os “Mastros” e outras festas populares que aí têm lugar em datas cíclicas da Aldeia.
Por último, será ainda de referir que na actualidade, a generalidade das intervenções em áreas históricas classificadas que implicam mesmo o recurso á construção de novos edifícios, assumem a contemporanidade da sua linguagem arquitectónica, estabelecendo diálogos que consideramos importantes na datação das intervenções, evitando o recurso ao “pastiche” e á adulteração do próprio monumento. É o caso do Centro Intepretativo das Ruínas Romanas de Milreu, em Estoi, no qual um imóvel térreo de linguagem minimalista, acolhe os visitantes e o introduz num espaço 17 séculos mais antigo, ou o do conjunto do Teatro Municipal de Faro, fronteiro ao Solar da Quinta do Ourives e da Casa das Figuras, onde três imóveis de épocas e volumetrias bem diferentes, convivem equilibradamente, mercê de um projecto de espaços exteriores devidamente adaptado á especificidade da situação.
Julgamos ter explicado resumidamente a razão de ser das várias opções assumidas nestes projectos, estando no entanto o signatário disponível para directamente e detalhadamente, complementar esta informação, caso o munícipe assim o pretenda.
Faro, 3 de Agosto de 2006
O Arqto. Assessor Principal
António Centeno Serrano Santos
De: Gab. Utente [mailto:gu@cm-faro.pt]
Enviada: quinta-feira, 17 de Agosto de 2006 11:50
Para: ruinorte@sapo.pt
Cc: geral@jf-estoi.pt
Assunto: Resposta a email enviado
Importância: Alta
Exmo. Sr.
Rui Norte
Na sequência do email enviado em 29 de Julho de 2006, informo que o assunto mereceu a nossa melhor atenção.
Assim, procedemos ao envio a V. Exa. da informação anexa e relativa às questões por Vós apresentadas.
Aproveitamos a oportunidade para agradecer o envio de email e informar que estamos ao Vosso inteiro dispor para os esclarecimentos suplementares julgados convenientes.
Com os melhores cumprimentos,
O Presidente,
José Apolinário
GU/Nd
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ASSUNTO:
Exposição do Sr. Rui Norte relativa aos trabalhos de requalificação dos Largos da Liberdade, Humberto Delgado e Ossonoba em Estoi
Data:
20-08-2006
Exmo Senhor
Presidente da Câmara Municipal
Na sequência da exposição do Sr. Rui Norte, datada de 29 de Julho do corrente, referente às empreitadas de requalificação dos Largos da Liberdade, Humberto Delgado e Ossonoba em Estoi, cabe-me informar o seguinte:
Da malha urbana histórica de Estoi, ressaltam os espaços não edificados acima enunciados, resultantes de um crescimento orgânico da Aldeia e também directamente relacionados os primeiros, com a Igreja Paroquial de S. Martinho e o último, provavelmente com a nascente/cisterna, localizada num dos extremos do Largo Ossonoba, fronteira á esquina do edifício da farmácia.
Se bem que a frente edificada envolvente a essas praças, não tenha sofrido ao longo dos tempos adulterações profundas, a utilização desses largos por parte dos peões, foi remetida para pequenas “ilhas” calcetadas, dado ter sido dada a primazia á circulação automóvel e aos tapetes de betoninoso que as atravessavam e as afectavam visualmente, não permitindo o devido enquadramento do respectivo conjunto patrimonial. ( ver fotografias em anexo da situação dos Largos antes da intervenção).
Assim, e integrado no “Programa das Aldeias do Algarve” o qual, no concelho de Faro integrou a aldeia de Estoi, por decisão do Município, foram elaborados vários projectos com vista á requalificação de espaços urbanos e imóveis notáveis desta aldeia, dos quais destacamos nesta informação a dos Largos em apreço, que articulados com as empreitadas de recuperação do “Lavadouro Público” no estremo Poente do Largo Ossonoba e o da “Fonte Bebedouro de Animais” do Largo da Liberdade (actualmente emparedado), visam a efectiva requalificação desses Largos, passando pela ampliação das áreas pedonais, reorganização espacial e instalação de mobiliário urbano e arborização compatível, com o fim em vista, que estabeleceu como premissa, a dignificação dessas Praças e a criação de zonas de estar e lazer.
Estes projectos, ao intervirem em espaços públicos de acentuados desníveis altimétricos foram forçados a recorrer á construção de muros de suporte por forma a se garantir plataformas pedonais niveladas, numa solução em tudo semelhante á do adro envolvente á Igreja de S. Martinho, este reconstruído nos princípios do sec. XIX.
Se bem que a solução arquitectónica dos muros de suporte referidos, e também o do novo troço de escadaria do Largo da Liberdade, seja idêntico, aos pré existentes, o seu acabamento em pedra de calcário da região, é assumidamente diferente, pois não se pretendeu copiar e diluir a intervenção, na envolvente, mas sim data-la por forma destacar aquela, do edificado de efectivo valor patrimonial.
Será aqui de referir que as mais recentes intervenções em imóveis classificados promovidos pela “Direcção dos Edifícios e Monumentos Nacionais” recorrem a materiais de texturas e qualidade diferentes, dos originais sempre que há a necessidade de se recompletar uma fachada, por forma a diferenciar o original, do adicionado em situação de “restauro” ( ex: Casa dos Bicos - Lisboa, Igreja do Colégio – Ponta Delgada ).
Relativamente à opção na utilização de colunas de iluminação, de imagem contemporânea para assegurar a iluminação dos Largos da Liberdade e Ossonoba, a mesma foi ditada, pela ampla dimensão desta área de intervenção e a sua compatibilização com a linguagem das praças, e também pela necessidade de se introduzir peças esbeltas, que não interferissem visualmente quer com a leitura da Igreja e seu escadorio, tendo em contrapartida sido preservadas “in situ” os dois candeeiros que ladeiam a entrada principal da Igreja em situação de cota mais elevada e associadas á memória da imagem do seu alçado frontal.
O cromatismo dessas colunas de iluminação – cinza claro, também foi seleccionado por forma a que a sua presença se diluísse na envolvente não se assumindo como peças marcantes do projecto de intervenção, onde os eixos direccionais são pontuados por espécimes arbóreas a plantar em caldeiras, implantadas por forma a não interferir com os principais canais visuais dos Largos.
Solução diferente foi a optada na escolha das colunas de iluminação do Largo Ossonoba, o qual pela sua pequena dimensão e uma envolvente edificada oitocentista muito próximo, convidou a uma solução de colunas de desenho revivalista, quase idênticas ao do candeeiro central pré existente. A implantação dessas colunas neste Largo, aliado a quase integral manutenção da actual arborização, teve em conta os “Mastros” e outras festas populares que aí têm lugar em datas cíclicas da Aldeia.
Por último, será ainda de referir que na actualidade, a generalidade das intervenções em áreas históricas classificadas que implicam mesmo o recurso á construção de novos edifícios, assumem a contemporanidade da sua linguagem arquitectónica, estabelecendo diálogos que consideramos importantes na datação das intervenções, evitando o recurso ao “pastiche” e á adulteração do próprio monumento. É o caso do Centro Intepretativo das Ruínas Romanas de Milreu, em Estoi, no qual um imóvel térreo de linguagem minimalista, acolhe os visitantes e o introduz num espaço 17 séculos mais antigo, ou o do conjunto do Teatro Municipal de Faro, fronteiro ao Solar da Quinta do Ourives e da Casa das Figuras, onde três imóveis de épocas e volumetrias bem diferentes, convivem equilibradamente, mercê de um projecto de espaços exteriores devidamente adaptado á especificidade da situação.
Julgamos ter explicado resumidamente a razão de ser das várias opções assumidas nestes projectos, estando no entanto o signatário disponível para directamente e detalhadamente, complementar esta informação, caso o munícipe assim o pretenda.
Faro, 3 de Agosto de 2006
O Arqto. Assessor Principal
António Centeno Serrano Santos
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